30 dias de noite. Aquela insônia era o fim dos tempos! Talvez o sono na verdade fosse o operário e estivesse em um dia de fúria a 3000 milhas do inferno que era minha madrugada dos mortos.
Sim, senhor! A morte pede carona e parece algo irreversível seu cérebro perecendo noite adentro. Passava da meia-noite em paris e me via sem saída.
Liguei o som esperando por um requiem para um sonho, mas o terminal do leitor queimou, troquei para a rádio e os dois filhos de Francisco faziam a hora do rush parecer inalcançável até mesmo para uma mente brilhante.
As horas passam. Me senti um cavaleiro solitário quando peguei o primeiro metrô 2033 às quatro da manhã. Sabia que só com veia de lutador poderia alcançar a glória feita de sangue na vida, lugar onde os fracos não tem vez.
Depois de 88 minutos e 16 quadras finalmente me encontrei com os estagiários e fui para mais um dia no pior trabalho do mundo. Ser o novato nem sempre é legal, ainda mais quando se está em uma ilha maldita repleta de idiotas. Não quero matar meu chefe, para evitar o pior fui até sua sala e disse: “Amanhã nunca mais!” e pedi as contas.
“Sem dor, sem ganho.” Lembrei dessa frase ao chegar em casa e decidi estudar para a prova final: cálculo mortal era o grande desafio.
Não me considero nenhum guerreiro, mas fico feliz em dizer que mais tarde sai como o vencedor na prova. No fim de semana tinha que comemorar! Me arrumei para os embalos de sábado a noite e antes de partir a procura da felicidade usei um pouco do meu melhor perfume.
Sorte! Minha vizinha, que é um show de vizinha, estava lá. Me aproximei e disse “Dança comigo?”.
Depois de beijos e tiros acabamos indo para um lugar chamado Nothing Hill. Pude dar um olhar do paraíso através da janela secreta no quarto do motel. Foi uma noite fora de série, repleta de amor e outras drogas.
Histórias de amor duram apenas 90 minutos. Pedi o número de seu celular para, quem sabe, marcarmos uma “parte II”.
Voltei pra casa e no outro dia tive a ressaca. Mas valeu a pena!